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Contrabando de vinhos pode superar R$ 2 bilhões por ano

Governo e entidades discutem aplicação de nova lei em reunião nesta quinta-feira em Porto Alegre

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Nesta quinta-feira, 18 de setembro, às 10h, no Gabinete da Casa Civil (Palácio Piratini), em Porto Alegre, representantes do governo estadual e de entidades do setor produtivo estarão reunidos para definir estratégias de aplicação da Lei nº 16.326/2025, aprovada recentemente pela Assembleia Legislativa. A lei, de autoria do deputado estadual Elton Weber, tem como objetivo combater a comercialização de produtos contrabandeados, estabelecendo sanções administrativas e restrições a empresas envolvidas com mercadorias de origem ilícita.

O encontro contará com a presença do secretário da Casa Civil, Artur Lemos, além de integrantes das Secretarias da Fazenda e de Segurança Pública e da Procuradoria-Geral do Estado. Foram convidadas entidades representantes de setores diretamente impactados pelo contrabando, como Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), Afubra, Sinditabaco e Fetag-RS.

Setor vitivinícola no centro da discussão
O contrabando de vinhos tem causado prejuízos expressivos ao setor vitivinícola brasileiro. De acordo com dados da Receita Federal, somente entre 2021 e 2023 foram apreendidos, em média, R$ 57,6 milhões em vinhos ilegais por ano. Esse valor já é superior à importação oficial do Brasil de países tradicionais exportadores, como Uruguai, Estados Unidos, África do Sul, Austrália e Alemanha.

No entanto, segundo estudo do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF), as apreensões representam apenas 5% a 10% do volume real que entra ilegalmente no país. Isso significa que o mercado clandestino de vinhos pode superar R$ 1 bilhão anuais pelo valor FOB, chegando a mais de R$ 2 bilhões no varejo quando somados impostos sonegados e margens de comercialização – valores que, em sua maioria, alimentam organizações criminosas.

“Estamos diante de um problema que vai muito além da concorrência desleal. O contrabando de vinhos atinge a arrecadação de impostos, desestrutura o mercado formal e compromete milhares de empregos que poderiam ser gerados no Brasil. O consumidor também está exposto a riscos, pois há registros de apreensões de marcas com volumes maiores do que a própria produção oficial nos países de origem, evidenciando fraudes e falsificações”, afirma Eduardo Piaia, diretor-executivo do Consevitis-RS.

Rotas do vinho ilegal
As rotas do contrabando de vinhos seguem os mesmos caminhos usados para o transporte de outros produtos ilícitos. Mapas georreferenciados de apreensões em 2025 mostram forte concentração no oeste e sudoeste do Paraná e no oeste de Santa Catarina, com destaque para as regiões de Cascavel e Pato Branco (PR). O transporte ocorre, na maioria dos casos, em veículos de passeio, que abastecem gradualmente os centros de distribuição.

“O que se percebe é uma estrutura criminosa altamente organizada, que utiliza inclusive veículos roubados, batedores e olheiros. Diversos relatórios e reportagens já mostraram a ligação direta entre o comércio ilegal de vinhos e grandes organizações do crime, inclusive ligadas ao tráfico de drogas. Isso transforma o vinho em mais uma moeda de capitalização para grupos criminosos”, alerta Piaia.

O papel da nova lei
Para o Consevitis-RS, a Lei nº 16.326/2025 representa um avanço importante no enfrentamento do problema, mas exigirá ações conjuntas permanentes.
“A lei abre caminho para punir quem se beneficia da venda desses produtos irregulares, mas não basta. Precisamos fortalecer as ações de fiscalização, unir as inteligências dos órgãos estaduais e federais, ampliar o controle de fronteiras e investir em tecnologia. Também é essencial discutir a redução da carga tributária sobre os produtos nacionais, para que eles se tornem mais competitivos e menos vulneráveis à concorrência desleal”, reforça Piaia.

Além disso, segundo ele, é fundamental que os consumidores também sejam conscientizados: “Quando alguém compra um vinho contrabandeado, muitas vezes está financiando diretamente organizações criminosas e expondo a própria saúde a riscos. Há produtos falsificados circulando no mercado, alguns com rótulos que sequer correspondem à produção real das vinícolas nos países de origem. Esse é um alerta que não pode ser ignorado.”

Reunião decisiva
A reunião desta quinta-feira pretende avançar na definição de medidas práticas para a aplicação da lei, como o fortalecimento da fiscalização das rotas mais críticas, a integração entre órgãos de segurança e a aplicação de penalidades a empresas que se beneficiam do comércio irregular.

“Estamos falando de bilhões de reais que deixam de circular na economia formal e de empregos que poderiam estar sendo gerados no setor vitivinícola brasileiro. O enfrentamento ao contrabando é urgente e precisa ser prioridade do Estado e da sociedade”, conclui Piaia.

Consevitis-RS | Assessoria de Imprensa
Diego Adami | Sublinha! Comunicação
(54) 98111-6007 | [email protected]

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