Diretor-geral da OIV conclui agenda no Brasil com foco no fortalecimento da presença do país no cenário internacional do vinho
John Barker destaca potencial vitivinícola brasileiro e reforça importância da atuação científica, técnica e institucional da OIV no país
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A visita ao Brasil do diretor-geral da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), o neozelandês John Barker, representa um marco para o setor vitivinícola nacional. Com apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), a agenda, de 19 a 22 de agosto, contou com encontros com representantes de entidades públicas e privadas, visitas técnicas a regiões produtoras e uma coletiva de imprensa organizada pelo Consevitis-RS na sede da entidade, em Bento Gonçalves (RS). Barker esteve acompanhado do chefe da Comissão de Saúde e Segurança da OIV, o brasileiro Marcos Araújo, reforçando o protagonismo técnico do país dentro da organização.
O objetivo central da missão foi fortalecer o diálogo com o Brasil e ampliar a colaboração científica, técnica e institucional com um dos países mais estratégicos da América do Sul. Esta é a primeira vez na história da OIV que um diretor-geral cumpriu uma visita tão extensa pelo continente sul-americano. Ao todo foram 25 dias em cinco países (Chile, Peru, Argentina, Uruguai e Brasil), reunindo-se com governos e representantes do setor da uva e do vinho.
A presença de Barker no Brasil reforça o interesse da OIV em ampliar o diálogo com os países membros da América do Sul e apoiar o desenvolvimento de políticas sustentáveis e inovadoras para o setor. “Quero que a OIV esteja presente no Brasil de maneira mais próxima, acessível e relevante”, afirma, destacando que a diversidade e o dinamismo da produção brasileira colocam o país em posição estratégica dentro do contexto internacional.
Diálogo aberto e foco em sustentabilidade
Durante a agenda, o diretor-geral ressaltou a importância de fortalecer os canais de escuta ativa com os países membros, garantindo que as necessidades específicas de cada realidade produtiva estejam representadas nos debates globais: “É muito importante, para mim, ouvir diretamente dos países, de produtores e técnicos suas expectativas, demandas e ideias. Isso nos ajuda a construir uma OIV mais conectada e eficaz”.
A sustentabilidade, tema central da atual gestão da OIV, esteve presente nas conversas com instituições brasileiras. “A vitivinicultura pode desempenhar um papel relevante em várias dimensões da sustentabilidade: no meio ambiente, nos territórios e no bem-estar das comunidades locais. Mas para isso precisamos apoiar práticas responsáveis e baseadas em conhecimento técnico e científico”, destaca.
Potencial brasileiro no cenário mundial
Para Barker, o Brasil reúne condições excelentes para ampliar sua participação no comércio internacional de vinhos e derivados da uva: “A diversidade de terroirs, a inovação tecnológica e o espírito empreendedor do setor são recursos importantes. O vinho brasileiro, o suco e os derivados da uva têm um enorme potencial”.
Segundo ele, além do mercado interno, que já é expressivo, a imagem do Brasil como produtor de vinhos de qualidade precisa ser fortalecida junto aos consumidores e formadores de opinião internacionais. “A OIV pode contribuir ao promover dados, padrões e cooperação entre países”, acrescenta.
Colaboração científica e técnica
Outro ponto abordado por Barker foi o papel da OIV como centro internacional de excelência técnica e científica. A organização reúne atualmente mais de 500 especialistas de todo o mundo que trabalham em grupos temáticos sobre viticultura, enologia, métodos de análise, economia e legislação do setor, além de saúde e segurança do consumidor. “O Brasil tem contribuído ativamente com seus especialistas em diversas comissões da OIV. Essa cooperação técnica é fundamental para o desenvolvimento conjunto do setor e para o reconhecimento internacional das práticas brasileiras”, afirma.
Barker também destaca a atuação expressiva do Brasil dentro da OIV, reforçando o compromisso do país com o desenvolvimento técnico e científico do setor. “O Brasil tem sido um membro altamente engajado da OIV há muitos anos”, valoriza. Entre as contribuições de destaque, ele menciona a realização do Congresso Mundial da Vinha e do Vinho em 2016, em Bento Gonçalves, além da eleição da brasileira Dra. Regina Vanderlinde como presidente da organização, de 2018 e 2021.
O país segue exercendo papel de liderança, com a pesquisadora Dra. Fernanda Spinelli à frente da Subcomissão de Métodos de Análise, de 2024 a 2027, coordenando os esforços globais em torno de métodos analíticos de referência. A partir de 2025 até 2028, a especialista Me. Alinne Barcelos também assume a presidência do Grupo de Especialistas em Segurança Alimentar, consolidando ainda mais a posição técnica do Brasil no cenário internacional.
Agenda positiva e novas possibilidades
Com uma abordagem construtiva e propositiva, a visita de John Barker abre espaço para uma maior aproximação entre a OIV e o setor vitivinícola brasileiro. Entre os encaminhamentos discutidos, estão o potencial da vitivinicultura brasileira, a ampliação da presença brasileira nos grupos de trabalho da entidade, o estímulo à participação em eventos científicos internacionais e o fortalecimento de ações de sustentabilidade e rastreabilidade.
A presença do diretor-geral da OIV no Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, marca um reconhecimento relevante da importância do país e do Estado para o cenário vitivinícola mundial. Para o presidente do Consevitis-RS, Luciano Rebellatto, o encontro representa uma oportunidade estratégica de fortalecer o vínculo institucional com a OIV e abrir novos caminhos para a colaboração científica e técnica. “É uma honra para o Consevitis-RS organizar a recepção ao diretor-geral da OIV. Estamos certos de que essa visita trará desdobramentos positivos para toda a cadeia produtiva, desde a ampliação da presença brasileira nos fóruns técnicos da entidade até novas possibilidades de parcerias voltadas à pesquisa, à inovação e à valorização do vinho brasileiro”, afirma Rebellatto.
Para Hugo Caruso, Diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de origem Vegetal do Ministério da Agricultura (DIPOV/SDA/MAPA), ”a visita do diretor-geral da OIV ao Brasil reforça o reconhecimento internacional do potencial e da qualidade da nossa vitivinicultura. O Ministério da Agricultura e Pecuária valoriza esse momento como uma oportunidade estratégica para estreitar laços técnicos e científicos, fortalecer a presença brasileira nos fóruns internacionais e apoiar o desenvolvimento de políticas públicas que promovam sustentabilidade, inovação e competitividade no setor. O Brasil tem mostrado ao mundo a força de sua diversidade produtiva, o compromisso com padrões de excelência e o protagonismo de nossos especialistas. Essa aproximação com a OIV é mais um passo para ampliar o prestígio e as oportunidades para nossos produtores no cenário global".
Panorama Atual do Setor Vitivinícola
Tendências Globais (2024)
Área de vinhedos:
7,1 milhões de hectares em 2024
Produção mundial:
226 mhl = 22,6 bilhões de litros em 2024
Consumo mundial:
214 mhl = 21,4 bilhões de litros em 2024
Comércio internacional:
Volume exportado: 99,8 mhl = 9,98 bilhões de litros
Valor: 36 bilhões de euros (–0,3% sobre 2023)
Preço médio: 3,60 €/litro, ainda 30% acima do período pré-pandemia.
Brasil em Números (2024)
22º maior vinhedo do mundo
Distribuição: Uvas de mesa (53%), Vinhos (24%), Suco de uva (23%)
Área de vinhedos:
75.800 hectares (2024)
As enchentes de maio de 2024 no RS destruíram cerca de 500 hectares.
14º maior produtor de vinhos:
Produção entre 3 e 4 mhl = 300 a 400 milhões de litros
Consumo de vinho:
Média histórica: 3 a 3,5 mhl = 300 a 350 milhões de litros (média histórica)
Pico na pandemia (2020-2021): 4 mhl = 400 milhões de litros
Brancos e espumantes em alta:
Uvas brancas representam 30% da produção de vinhos.
Espumantes:
9º maior produtor: 602 mil hl = 60,2 milhões de litros (2024)
8º maior consumidor: 669 mil hl = 66,9 milhões de litros (2024)
Suco de uva:
Produção: 3 mhl = 300 milhões de litros (média recente)
Uvas de mesa:
6º maior produtor do mundo, com 950 mil toneladas em 2024
Apenas 6% da produção é exportada (59 mil toneladas)
Sobre o Consevitis-RS
O Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS) atua no apoio, difusão e financiamento de demandas relacionadas à produção de uvas, vinhos, sucos de uva e demais produtos derivados no âmbito agrícola, produtivo, técnico, promocional, cultural, ambiental, jurídico e institucional. O Instituto também está envolvido em programas de ensino, pesquisa, extensão e inovação, visando o desenvolvimento e o aprimoramento constante do setor vitivinícola.
Sobre a OIV
A Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) é uma entidade científica e técnica intergovernamental reconhecida como referência mundial para o setor da uva e do vinho. Com sede em Dijon, na França, a OIV conta com 51 Estados Membros, responsáveis por 90% da área vitícola global, 88% da produção mundial de vinhos e 75% do consumo mundial. A cada ano, mais de 500 especialistas de diferentes países se reúnem em grupos de trabalho para discutir e aprovar resoluções por consenso em quatro áreas principais: viticultura e uvas de mesa, enologia e métodos de análise, aspectos legais e econômicos e saúde e segurança do consumidor. Ao longo de um século, a OIV tem estado na vanguarda das questões globais relacionadas à vitivinicultura, oferecendo normas, diretrizes e informações essenciais para o setor.
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